quinta-feira, 17 de março de 2011

Valores japoneses explicam aparente calma da população em desastre


Mesmo diante do pior terremoto de sua história, país mantém organização e evita pânico

Mesmo nos momentos mais difíceis, os valores transmitidos pela cultura milenar japonesa estão lá: respeito, disciplina, introversão e espírito coletivo. Aliados a um preparo técnico especializado, esse “espírito japonês” colaborou para que o país não entrasse em um caos ao enfrentar seu pior terremoto de 9 graus na escala Richter, seguido de um grande tsunami.As diferenças são grandes ao comparar as comedidas reações japonesas com a de outros países atingidos por desastres naturais. No terremoto do Chile de 2010, por exemplo, mais 7.000 soldados tiveram de conter as ondas de saques em Concepción. Até mesmo no rico Estados Unidos, durante o furacão Katrina de 2005, eram comum casos de violência e roubo.

A diretora do Núcleo de Estudos da Cultura Japonesa da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Estela Okabayashi Fuzii, destaca que os japoneses estão preparados psicologicamente e tecnicamente para enfrentar adversidades naturais – especialmente terremotos.
- Os japoneses não são extrovertidos, não fazem alardes ou muito barulho em situações como essa. Toda a cultura milenar, educação e treinamento desde pequenos explicam a forma positiva como eles responderam ao desastre.Japoneses treinam como reagir a terremotos
Ainda crianças, na escola, a população é orientada sobre como reagir a um terremoto e fazem simulações para casos mais graves.
Em entrevista ao R7, o paulistano Alexandre Mauj, que tem uma coluna voltada para a comunidade brasileira no Japão, explicou que "nesse tipo de situação, os japoneses reagem como os brasileiros em caso de assalto".

- Eles não entram em desespero porque já sabem o que fazer. Em casa, todo mundo tem um kit-terremoto com remédios, alimentos e documentos. Eles pegam o que têm de pegar e saem de casa, para um lugar aberto ou ficam debaixo da mesa, longe de lugares com vidros.
Longas filas em supermercados e postos de combustíveis podiam ser vistas desde domingo (13) na região de Sendai, uma das mais afetadas pelo tremor e pelos tsunamis. A organização e a ausência de saques, segundo Estela, são explicadas pela rígida educação japonesa.
- Eles não agridem, no máximo falam algumas palavras fortes de descontentamento. O respeito e a honestidade vêm de uma forma muito natural. 

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